File:Theatro de João d'Andrade Corvo, Lisboa, 1859 e reedição de mar 2009, Portugal - Image 224101.jpg

From Wikimedia Commons, the free media repository
Jump to navigation Jump to search

Captions

Captions

Add a one-line explanation of what this file represents

Summary[edit]

Description
Português:

João de Andrade Corvo, Theatro de João d’Andrade Corvo – 1

O Alliciador – O Astrologo.
(1824-1890) e (1859)
Lisboa, Typographia Universal, rua dos Calafates 113.

Reedição Projeto Gutemberg, mar. 2009, Portugal.

João de Andrade Corvo (1824-1890) nasceu em Torres Novas, a 30 de janeiro de 1824, vindo a falecer em Lisboa, no dia 16 de fevereiro de 1890. Foi uma das principais figuras do panorama cultural português do séc. XIX. Com espírito multifacetado e dotado de brilhantismo, destacou-se em várias áreas do saber, no ensino, nas ciências naturais, engenharia, medicina, matemática e literatura, tendo sido membro da Academia de Ciências de Lisboa. Dedicou-se, em especial, à agronomia, ciência que lecionou na Escola Politécnica de Lisboa e no Instituto Agrícola, e aprofundou o estudo das doenças que afligiram a vinicultura em Portugal e nas ilhas, nos finais dos anos 40 e inícios de 50 do séc. XIX. Notabilizou-se na política, sendo empossado em vários cargos relevantes nos governos de Fontes Pereira de Melo e do conde de Ávila e Bolama, contexto no qual a sua ação e as suas decisões visionárias se revelaram benéficas para o desenvolvimento do país. Foi relevante a sua atividade modernizadora enquanto ministro das Obras Públicas, bem como nas políticas reformadoras que empreendeu enquanto ministro da Marinha e do Ultramar. Com a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Andrade Corvo delineou novas linhas orientadoras das relações diplomáticas portuguesas cultivadas com as potências estrangeiras, sendo considerado o pai da diplomacia moderna portuguesa. Foi, em 1871, distinguido como par do Reino.
A ilha da Madeira está presente na vasta obra de João de Andrade Corvo nos domínios da ciência, enquanto agrónomo, e da literatura, com um drama em três atos intitulado O Aliciador (1859), que se desenrola precisamente na Madeira. Obtendo a devida autorização da Academia de Ciências de Lisboa para estudar as doenças das vinhas madeirenses, nomeadamente o oidium ou oídio, Andrade Corvo viajou para a Ilha na galera portuguesa Margarida, a 29 de julho de 1853. A sua presença foi notada pelo jornal A Ordem, que enalteceu a missão honrosa que Andrade Corvo tinha em mãos, apelando aos madeirenses para que o ajudassem, ao mesmo tempo que esperavam que a “sua proficiência e zelo” produzissem “algum trabalho” (A Ordem, 6 ago. 1853, 1). João de Andrade Corvo, contudo, permaneceu apenas dois meses na Madeira, tendo partido no paquete inglês Charity, no dia 2 de outubro de 1853, rumo às ilhas Canárias. O jornal A Ordem não deixou de comentar a sua partida com enigmáticas palavras escrevendo que a sua “honrosa” missão poder-se-ia tornar mais espinhosa “se não limitar os seus trabalhos à especialidade de que fora encarregado”, acrescentando que, no sentido de aprofundar certos “assuntos”, era “mister que s. s.ª demorasse mais tempo entre nós” (A Ordem, 24 set. 1853, 2). Aquando da estadia na Ilha, Andrade Corvo visitou fugazmente Porto Santo, a 9 de setembro 1853, para analisar as vinhas que também tinham sido atacadas pela moléstia. O administrador do concelho, João de Santana e Vasconcelos, que, segundo Rui Carita, era também um dos maiores proprietários vinícolas na ilha do Porto Santo, não ficou agradado com a curta visita do “naturalista”, referindo nos Anais do Porto Santo que este ficou apenas três horas em terra. Escreveu Santana e Vasconcelos, com uma certa ironia: “Diz-se que viera observar a moléstia das vinhas, mas pelo tempo que esteve em terra bem pouco ou nada podia colher do seu exame, e portanto a sua vinda a esta Ilha deve ser mais propriamente como passatempo ou passeio marítimo, do que visita de um naturalista” (Anais, 1989, 71).
A 3 de fevereiro de 1854, João de Andrade Corvo apresentou ao pleito da Academia de Ciências de Lisboa os resultados das suas observações, publicando, em 1855, o estudo intitulado Memórias sobre as Ilhas da Madeira e Porto Santo: Memória I, Memoria sobre a “Mangra” ou Doença das Vinhas, nas Ilhas da Madeira e Porto Santo. No prólogo desta primeira memória, anuncia duas outras: “II. Considerações económicas sobre as ilhas da Madeira e Porto Santo” e “III. Estudo sobre a constituição física, a história natural e geologia das ilhas da Madeira e Porto-Santo”; que, contudo, nunca chegaram a ser publicadas (CORVO, 1855, 4). A intenção de publicar sobre outros assuntos referentes à especificidade da ilha da Madeira mostra que o autor não limitou as observações apenas à doença da vinha, mas também esteve atento à realidade social e económica dos madeirenses, escrevendo no prólogo da “primeira memória” que “não só todos os caracteres que ali apresentava o terrível flagelo e os imensos estragos que produzia, senão também o estado da agricultura em geral, as causas da decadência rápida da produção e do comércio, a fisionomia histórico-natural e as fontes de riqueza daquele país, destinado pela natureza para ser próspero e rico, e que a incúria de maus administradores, a ignorância da maior parte dos agricultores, e principalmente uma organização da propriedade absurda e esterilizadora leva à quase total ruína” (Id., Ibid., 3).
Numa das conclusões sobre o estudo realizado à cultura da vinha, Andrade Corvo escreve que a doença do oídio apenas precipitou a decadência do comércio dos vinhos madeirenses, já que os elevados custos de cultivo do vinho da Ilha, associados a uma baixa “assustadora” dos preços dos vinhos, inclusive os vinhos mais nobres, e a par da falta de “previdência dos cultivadores da ilha” acabariam, mais tarde ou mais cedo, por originar uma crise comercial (Id., Ibid., 66). Acrescentando, por último, que os agricultores madeirenses e os governadores deveriam agir no sentido de “substituir” a cultura da vinha por “outra cultura lucrativa” (Id., Ibid., 67). De notar que Andrade Corvo, neste seu trabalho, agradeceu o auxílio das autoridades oficiais, mas sobretudo o valioso apoio dos “lavradores mais inteligentes”, traduzido em significativos esclarecimentos (Id., Ibid., 3).
João de Andrade Corvo voltou a escrever sobre a Madeira na peça teatral O Aliciador, que foi publicada juntamente com outro drama, O Astrólogo, em 1859, no periódico Archivo Universal. Drama de cunho popular, foi inspirado nos problemas sociais que afligiam o lavrador madeirense, com quem Andrade Corvo se terá deparado aquando da visita à Madeira, e que se traduziam na condição de miséria em que viviam os camponeses sob o jugo do regime de colonia. O autor centra-se, em particular, na figura dos aliciadores, homens que funcionavam como intermediários contratados à comissão no sentido de seduzir os incautos e pobres agricultores a emigrar para as colónias britânicas da América do Sul, com promessas de riqueza, nomeadamente Demerara, originando uma verdadeira rede de escravatura branca, que provocou um grave problema de emigração na Madeira, colocando o agricultor madeirense numa miséria superior à que encontrava na sua terra.
Ainda em 1866, João de Andrade Corvo, enquanto ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, aprovou os estatutos da importante Companhia Fabril de Açúcar Madeirense, liderada por João da Câmara Leme Homem de Vasconcelos, futuro visconde do Canavial. Sobre a sua morte, o Diário de Notícias da Madeira escreveu um pequeno apontamento a 20 de fevereiro de 1890, em que se refere ter sido uma das principais personalidades literárias e políticas de Portugal, não tecendo, porém, qualquer comentário à sua viagem ao arquipélago, nem ao ao trabalho científico e literário dedicado por João de Andrade Corvo à Madeira.
Obras de João de Andrade Corvo: “O aliciador” (1859); “O astrólogo” (1859); Memórias sobre as Ilhas da Madeira e Porto Santo: Memória I, Memoria sobre a “Mangra” ou Doença das Vinhas, nas Ilhas da Madeira e Porto Santo Apresentada à Academia na Sessão de 3 Fevereiro de 1854 (1855). Bibliog.: Anais do Porto Santo, Porto Santo, Câmara Municipal do Porto Santo, 1989; CARITA, Rui, História da Madeira, vol. VII, Funchal, Secretaria Regional da Educação, 2008; CORVO, João de, Memórias sobre as Ilhas da Madeira e Porto Santo: Memória I, Memoria sobre a “Mangra” ou Doença das Vinhas, nas Ilhas da Madeira e Porto Santo Apresentada à Academia na Sessão de 3 Fevereiro de 1854, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1855; Diário de Noticias, 20 fev. 1890, p. 2; A Ordem, 30 jul. 1853, p. 4; A Ordem, 6 ago. 1853, p. 1; A Ordem, 24 set. 1853, p. 2; SILVA, Fernando Augusto da, e MENESES, Carlos Azevedo de Elucidário Madeirense, vol. I, Funchal, Secretaria Regional de Turismo e Cultura, 1998.
Carlos Barradas, DEM 3

Source Arquipelagos (consultar ficha)
Author Projeto Gutenberg

Licensing[edit]

Public domain
This logo image consists only of simple geometric shapes or text. It does not meet the threshold of originality needed for copyright protection, and is therefore in the public domain. Although it is free of copyright restrictions, this image may still be subject to other restrictions. See WP:PD § Fonts and typefaces or Template talk:PD-textlogo for more information.

File history

Click on a date/time to view the file as it appeared at that time.

Date/TimeThumbnailDimensionsUserComment
current21:31, 2 December 2023Thumbnail for version as of 21:31, 2 December 2023333 × 500 (33 KB)DarwIn (talk | contribs)Uploaded with experimental media library-assisted upload tool Catrapilha 1.1 (contact DarwIn for any issues)

The following page uses this file: