File:Monumento a Manuel António de Castro - Cuba - Portugal (6418675155).jpg

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Manuel António Castro nasceu na vila de Cuba em 7 de Março de 1885.

Pouco ou nada conhecemos da sua infância e adolescência. Viveu, certamente, como a maioria das pessoas de então, com privações e necessidades, trabalhando nas tarefas rurais, para assegurar a sua sobrevivência, após ter saído da escola, que frequentou, na instrução primária.

Homem, vai assentar praça no Regimento de Cavalaria de Évora e parece-nos ser lá que começa a viver mais abundantemente, quando a saudade da terra e dos familiares o faz sofrer:

Ó LUA, PARDA LUA,

VAI AO ALENTEJO, VAI

JÁ QUE EU NÃO POSSO IR,

DÁ SAUDADES A MEU PAI !


O seu sentir poético é grande «desde o insecto à planta tudo lhe diz sinfonia, tudo o prende e encanta», num hino de louvor à Criação presente.

É essa mesma poesia que ele põe nos trabalhos do campo, dizendo aos seus camaradas de trabalho que tratem as oliveiras com amor, que não quebrem os seus ramos ao varejar, pois que como eles, as oliveiras têm a sua sensibilidade e sofrem, quando as maltratam.

Uma interpretação económica também está presente no «poema dos varejadores», num alto sentido de produção agrícola dos bagos do tesouro, que são ouro e da nobreza das missões rurais.

É nesta fase, com 27 anos de idade, que Castro vai de novo a Évora, mas desta feita, já com o serviço militar cumprido, desloca-se a representar os trabalhadores rurais no seu 1° Congresso, em 1912.

Foi lá, que, revelando a mais alta integridade de carácter e de princípios, se retratou publicamente dos seus anteriores pensamentos nacionalistas-belicistas relativamente ao problema do orçamento militar. Pediu desculpa e proclamou aí, sem sofismas nem receios, os seus belos ideais de Paz e Amor, dizendo alto e bom som: «Quando cheguei a este Congresso, tinha uma Pátria pequena, Portugal, hoje que estou de saída, tenho outra mais ampla, chama-se Mundo!»

E eis Manuel Castro na sua condição estável e definitiva de cidadão do mundo, não negando jamais o agradecimento e a estima que nutre pela gente e costumes da sua amada terra, aliás bem presentes nos seus poema.

Os ideais sindicalistas imprimem nele uma visão social que lhe irá acarretar, posteriormente, graves problemas com a máquina da ditadura estatal. É chamado pela lei para se justificar do poema «Morte de um indigente, de limpo e correcto porte, que só tinha de seu as fúrias do vento norte».

Logrou defender-se e sair sem problemas de maior, graças ao poder conciliador e à sua capacidade de não ferir as demais, pois «a muita cautela é pouco».

A sátira social da época, retrata-a primorosamente no delicioso mote «É rica, tem nome fino», também glosado por António Aleixo. Refira-se aliás que os cantares populares, a despique, executados nas feiras e romarias, impunham, por vezes, o tratamento do mesmo mote por vários poetas.

E Castro era exímio manipulador da quadra e da décima, nas feiras das redondezas, onde se batia, vencendo e convencendo, amigavelmente, os mais brilhantes astros da rima.

Os personagens da sátira «É rica, tem nome fino», são personalidades antigas da nossa vila, identificados alguns pelos seus apelidos usuais, revelando um vocabulário e um retrato de costumes que constitui um documento de análise da época.

Não podemos deixar de referir a beleza poética de «Amor Perfeito» e «Amor Fenecido», verdadeiros hinos ao sentimento que Manuel Castro mais praticava.

Interrogamo-nos a todo o momento, a que fonte iria Castro abastecer-se para conseguir tanta sabedoria, uma vez que o meio onde viveu nem sempre lhe podia debitar tal conhecimento. Referimo-nos, obviamente, ao conhecimento da condição espiritual do Homem.

Feliz comparação a do coração a um sino, feliz depois de trabalhada por Castro, que não antes. Repare-se no complexo de ideias dinâmicas, anat6micas e místicas do poema «Sino, coração de aldeia».

Descansa o poeta, em seu eterno requiem, na Paz Profunda do pequeno cemitério da vila de Cuba.

Na sua humilde campa pode ler-se o mote, singelo, porém caracterizado pelo grande conhecimento e experiência que, em vida, demonstrou para com os temas anímicos:


SE A MORTE FOSSE INTERESSEIRA

AI DE NÓS, O QUE SERIA,

O RICO COMPRAVA A VIDA,

SÓ O POBRE É QUE MORRIA!


Foi então que lampejou em nós a ideia de desenterrar Castro.

Os poetas não podem permanecer enterrados, sobretudo, aqueles poetas que, como ele, têm tanto para dar e para ensinar àqueles que também são simples, do povo, abertos, sonhadores e conformados, amassando incognitamente sofrimentos e alegrias, num processo alquímico tão caracterizador do bucólico e meditativo alentejano.

Desenterrar Castro era a Obra, a Obra temperada pelo Sol abrasador da nossa terra e pelo calor da simpatia e boa vontade de todos os que para isso contribuíram.

Sentimos o chamamento do poeta, sentimos o desejo da sua manifestação, pois ele sempre quis comunicar as suas expressas mensagens aos infelizes, aos necessitados e sobretudo à juventude que ele adorava, pois que nela sempre lançou a semente abençoada do seu propósito cívico, do seu pensamento são, da sua acção tolerante e harmonizadora.

Abramos então os corações, na planície infinita das nossas vidas, e com eles procuremos ouvir a poética palavra de Castro e entender, nas entrelinhas pródigas, as ideias que tanto se esforçou por difundir no povo que representa.

Alguns dos seus poemas são a interpretação que Manuel Castro tinha da morte, da sua própria.

O seu conceito revela um profundo e invulgar conhecimento daquela «que não se vendendo à riqueza, é mirrada e mal parecida, mas também firme e exacta».

Não há sinais de morbidez na sua análise, evidenciando sim, pela positiva, a necessidade imperiosa da morte, que devemos aceitar como balanço final do valor dos nossos actos e como sábia solução do Natural Regente.

«Sombras que passam» é a grande mensagem que, a todos aqueles que o puderem compreender, legou, empenhadamente, em testamento de amor e desejo. Um cortejo que o «tio Manuel» quer ver terminado!

Pelo abandono «da luta por quimeras, da loucura e da ilusão» ele deseja aos seus jovens irmãos que, quando crescerem, as sombras que sempre o perturbaram, se desvaneçam, de vez.

Finalmente, ignoto, o seu corpo «baixa à terra fria» em 1972, mas «a Alma solta-se, etérea, porque eternamente existe».

E não se enganou Manuel Castro, já que a essência dessa Alma grande que ele é, está presente entre todos nós, lembrada nesta homenagem que a sua vila lhe presta, desenterrando-o para todo o sempre. <a href="http://ebicuba.drealentejo.pt/ebicuba/jornal/jornal07/pagina-personalidade/manuel_antonio_castro.htm" rel="nofollow">ebicuba.drealentejo.pt/ebicuba/jornal/jornal07/pagina-per...</a>
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Source Monumento a Manuel António de Castro - Cuba - Portugal
Author Vitor Oliveira from Torres Vedras, PORTUGAL
Camera location38° 10′ 08.23″ N, 7° 53′ 25.77″ W Kartographer map based on OpenStreetMap.View this and other nearby images on: OpenStreetMapinfo

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28 March 2019

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