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O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra inaugurou no Colégio de Jesus, na Sala Carlos Ribeiro, o “Gabinete de Curiosidades - Uma Interpretação”, uma sala que reúne cerca de quatro mil espécimes e artefactos do acervo do Museu da Ciência da UC, com o objetivo de recriar o sentimento daquilo que se poderia sentir ao entrar num Gabinete de Curiosidades do século XVIII.

Os Gabinetes de Curiosidades, que começaram a surgir a partir do século XVII, eram criados maioritariamente pela nobreza europeia que tentava reunir, nessas salas, um conjunto de objetos, como peças exóticas, procurando recriar a obra de Deus. O objetivo destes gabinetes era o de mostrar peças raras, exóticas e até bizarras, de forma a maravilhar o visitante e mostrar simultaneamente a visão cosmopolita do seu dono.

O esqueleto de uma vaca suspenso, e um crocodilo no teto, uma preguiça originária do Brasil, um “monstro” (burro com 6 patas) ou alguns minerais, são apenas alguns exemplos de peças que estão em exposição no "Gabinete de Curiosidades- Uma Interpretação".

Para Amílcar Falcão, Reitor da Universidade de Coimbra, “a criação deste espaço enquadra-se na estratégia da Universidade de Coimbra, que tem como objetivo criar novas e diferenciadoras exposições no Museu e capitalizar, ao máximo, o vasto e riquíssimo património da UC, que é único no país, com peças extraordinárias recolhidas ao longo dos últimos 700 anos, de todas as partes do mundo”. Para Paulo Trincão, diretor do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, “o que nós pretendemos fazer nesta sala hoje inaugurada não é recriar historicamente nenhum gabinete que tenha realmente existido. Queremos sim fazer uma recriação do sentir. Proporcionar, sob o olhar do século XXI, vivenciar o ambiente quase mágico que presidiu aos gabinetes do século XVII e XVIII, sendo que, atualmente, no Mundo, são muito raros”.

Para recriar este ambiente quase mágico foram necessários cerca de três anos de trabalho, que envolveu uma equipa de 10 pessoas, e um investimento de cerca de 250 mil euros, tendo a Fundação La Caixa como mecenas.

A apresentação das peças neste gabinete, que representam menos de 1% do espólio da UC, não está organizada por um conhecimento lógico, como no Museu. “A apresentação das peças está organizada apelando à descoberta. Não há etiquetas, não há legendas, não há sequer um percurso lógico. O desafio que lançamos às pessoas que visitarem este Gabinete é o de encontrarem as peças que mais as maravilham e, depois, cada um ter vontade de explorar mais aquilo que viu, ter vontade de explorar o grande espólio Museu da Ciência”, acrescenta Paulo Trincão. “O único guia nesta exposição é a iluminação escolhida, que acaba por guiar o visitante pelas cinco camadas de informação que existem, através de uma sequência de iluminação”, conclui.