File:Fajã das Bebras, Madeira, José Lemos Silva - 2005 - Image 213745.jpg

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Português:

Fajã das Bebras.

Fotografia de José Lemos Silva, 2005.

Câmara de Lobos, Ilha da Madeira.

Fajãs
(José Lemos Silva, 2020)
A atividade vulcânica submarina que formou as ilhas do Arquipélago da Madeira, atualmente adormecida, criou-lhes um relevo único e peculiar. Em milhões de anos, estas ilhas do Atlântico Norte contaram com agentes da natureza que as modificaram até à atualidade. De entre esses agentes, a ação da água das chuvas e do mar, foram preponderantes no moldar o relevo das ilhas, que quimicamente e mecanicamente desgastaram as diferentes rochas vulcânicas.
As rochas desgastadas e decompostas desequilibraram-se, penderam, desabaram, com a ajuda da gravidade, transformando-se em sucessivos depósitos de detritos, em função do peso e da velocidade das correntes provocadas pelas chuvas torrenciais. Estas, que acompanharam sempre os diferentes períodos da formação vulcânica das ilhas, moldaram picos e planaltos, construíram fajãs, transformaram os filões de basalto em diques, escavaram vales profundos e originaram a erosão progressiva com um mutável grau de energia.
As águas apertadas entre tornos e arribas, ressaíram-se do nível dos leitos, tombaram, e escavaram caldeirões profundos envoltos em lendas. No seu percurso, conforme os tributos de confluência das correntes, foram removendo e depondo cargas de sedimentos, que ao serem barradas, por obstáculos naturais ou não, formaram terras chãs, assorearam as praias de calhaus ou de areia e pintaram o azul do Atlântico muitas vezes de cor amarela ou castanha.
O Atlântico, possuidor de correntes, geradoras de movimentos marinhos, por desconformes fatores meteorológicos, criaram (e criam), vários estados de mar, alguns dos quais bastante prejudiciais à navegação, à pesca e às zonas costeiras: «o mar de marulho é cheio de vaga forte por efeito de ventos predominantes; o de cachão ou picado, o que encrespa o dorso em pequenas e leves vagas espumantes pela ação de ventos próximos que lhe varrem a superfície; mar da brisa, o que ondula e se remexe por força do vento de nordeste e dá às pequenas embarcações o balanço de parafuso, redemoinhando a cabeça e estômago dos navegantes sem poderem resistir ao sofrimento do enjoo; mar de águas tesas, o que corre com velocidade impeditiva de pesca; mar grosso, o de onda brava e alterosa, mar das tempestades dos quadrantes de sul e sudoeste, flagelo de embarcações e de vidas em terra e no mar». Ondas gigantes no Outono e no Inverno acompanham os temporais, saltam para as praias, galgam molhes, levantam a alturas consideráveis e abalroam ilhéus e ilhas. Assim, a ação do mar, conhecida por abrasão marinha, com o auxílio das levadias cíclicas, reduziu consideravelmente o litoral das ilhas e fez variar a linha de costa das mesmas. O mar talhou, em muitos pontos, pináculos que se transformaram em promontórios quase a prumo (Cabo Girão, a 580 metros acima do nível do mar), abriu enseadas, abras e calhetas, e, arquitetou filões de basalto em ilhéus solitários. Assim, a costa a norte das ilhas expostas às fortes correntes marítimas de superfície, influenciadas pelos ventos predominantes do quadrante norte, foi visivelmente corroída e a costa sul sensivelmente «aumentada», com a acumulação de sedimentos, designadamente na Madeira e no Porto Santo. Como exemplos, poderemos apontar a praia de Porto Santo e as praias do Funchal, de Machico, da Madalena do Mar e da Ribeira Brava.
As derrocadas, conhecidas localmente por «quebradas», são os fenómenos geológicos mais habituais na Madeira. Para exemplificar esta frequência, costumamos dizer que «as derrocadas estão para a Madeira como os sismos estão para os Açores». Não nos podemos esquecer que dois terços da ilha da Madeira têm declives superiores a vinte e cinco por cento (25%), para não relembrar a abrasão marinha no litoral. Assim, as derrocadas por vezes, podem ser simples avalanches rochosas em queda das encostas, como deslizamentos de grandes dimensões em movimentos de vertente, tanto rotacionais como translacionais, conforme a superfície de deslizamento. De uma forma geral, as derrocadas são consequência de escorregamentos superficiais ou por erosão hídrica de materiais, constituídas por fluxos de detritos de origem piroclástica, lávica ou florestal, que podem formar grandes depósitos de materiais, (coluvio-aluvionares). A concentração destes depósitos de materiais deu origem às «famosas» fajãs no interior e no litoral da Madeira, constituindo-se em geral com um solo de notável fertilidade e com os seus microclimas próprios, sendo utilizadas para a agricultura. O vocábulo «fajã» é em geral usado toponimicamente e existem dezenas de sítios nas ilhas do arquipélago da Madeira.
No século XX, entre o dia 1 e o dia 2 de Fevereiro de 1992, junto à Penha d’Águia (Faial – Porto da Cruz), uma grande derrocada ou desabamento formou uma das mais jovens fajãs da Madeira. Ao longo das últimas décadas, têm havido diversos movimentos de vertente no litoral madeirense de menor dimensão. Neste contexto, as derrocadas na orla marítima ou junto ao mar dão origem a «tsunamis». No dia 9 de Janeiro de 1891, deu-se uma grande «quebrada» na encosta oeste da Deserta Grande (Diário de Notícias, 10-01-1891). Para além de criar uma nova fajã, parece que, este acontecimento fez o mar avançar e recuar nalguns pontos da costa sul da Madeira, designadamente em Machico e Câmara de Lobos. O Elucidário Madeirense descreve este evento e reporta-o para o ano de 1894, talvez por lapso (!?).
A 4 de Março de 1930, deu-se um desabamento «duma enorme porção de rocha do Cabo Girão, no sítio do Rancho que arrastou terrenos da altura de 400 metros para o mar, formando uma ponta de cerca de 300 metros. O impulso dado ao mar levantou ondas alterosas que se desdobraram no sentido de leste, invadindo a Ribeira do Vigário, em Câmara de Lobos, onde surpreenderam 24 pessoas, homens, mulheres e crianças, das quais morreram 16, ficaram cinco feridas e desapareceram 3».
As ilhas do arquipélago da Madeira são o que são, na sua natureza, moldadas à custa destes fenómenos naturais desde que emergiram do mar há milhões de anos. Se assim não fossem, não seriam as ilhas que nós conhecemos!

Referências bibliográficas:
GONÇALVES, Ângela Borges e NUNES, Rui Sotero (1990), «Adenda às Ilhas de Zargo», Câmara Municipal do Funchal, Funchal.
PEREIRA, Eduardo C. N. (1989), «Ilhas de Zargo», 4.ª Edição, Câmara Municipal do Funchal, Funchal.
POWER, Charles Alexander le Poer (1935), Power’s guide to the island of Madeira (the pride of Portugal). London.
SARMENTO, A. Arthur (1953), «Freguesias da Madeira», 2.ª Edição, Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Funchal.
SILVA, Padre Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de, (1984), «Elucidário Madeirense», Fac-símile da edição de 1946, Secretaria Regional de Turismo e Cultura – Direção Regional dos Assuntos Culturais, Funchal.

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Source Arquipelagos (consultar ficha)
Author José Lemos Silva

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